Rede D’or São Luiz
- Projeto Uma ameaça esquecida: Hospitais em ação contra as mudanças climáticas
- Agência GPeS
- Região São Paulo
Atenta à questão ambiental, a Rede D’Or criou uma ação que engajou o corpo clínico para reduzir nas anestesias o uso de óxido nitroso, gás com alto potencial de aquecimento global
Desafio
Maior empresa de saúde da América Latina, com 79 hospitais em 13 estados e no Distrito Federal, a Rede D’Or possui 128 mil médicos credenciados e atende 2,9 milhões de pacientes por dia.
Em maio de 2024, consciente do potencial da comunicação para promover mudanças positivas entre seus profissionais, a empresa criou um plano estratégico para debater e buscar soluções sobre o impacto das atividades hospitalares na emissão de gases de efeito estufa. O objetivo foi unir ciência, propósito e engajamento para reduzir o uso de óxido nitroso (N₂O), gás amplamente utilizado na agricultura e em hospitais.
Estratégia
Após uma escuta com 941 anestesistas da Rede D’Or, constatou-se que 65% deles desconheciam que o N₂O é um gás de efeito estufa com elevado potencial de aquecimento global, e 76% afirmaram nunca ter discutido o tema.
A partir desses dados, foi iniciado um projeto-piloto nos hospitais São Luiz Itaim e São Luiz Anália Franco, em São Paulo.
A primeira ação foi a criação de uma plataforma de e-learning para conscientização sobre o gás. O curso, intitulado “Compreendendo e Reduzindo o Impacto Ambiental do Uso de Óxido Nitroso no Ambiente Operatório”, foi desenvolvido com a área de Sustentabilidade Corporativa e disponibilizado aos profissionais das unidades.
Logo se percebeu, porém, que a adesão ao curso e ao processo de mudança era mais expressiva entre os profissionais mais jovens. Era necessário engajar também os médicos mais experientes. Para isso, foram criados grupos focais em cada unidade, com anestesiologistas e outros profissionais, para discutir o impacto climático do uso do gás.
Desse diálogo surgiram intervenções simples, de baixo custo e com retorno imediato — como etiquetas fixadas nos equipamentos indicando a suspensão do uso de óxido nitroso. Grupos de WhatsApp, gerenciados pelas lideranças médicas, passaram a compartilhar mensagens do projeto, aproximando o corpo clínico da iniciativa.
Em paralelo, a engenharia clínica desconectou os aparelhos de anestesia da rede central de fornecimento. A reconexão passou a ocorrer apenas em situações específicas. À medida que o uso do gás diminuía, a equipe apresentava resultados clínicos dos pacientes — sempre com índice zero de eventos adversos —, comprovando que a redução do N₂O era segura.
Em apenas 16 semanas, os dois hospitais registraram redução média de 82% no uso de N₂O, sem qualquer evento adverso associado. Com o modelo validado, ele foi ampliado para outras unidades. Além disso, o tema passou a integrar o onboarding de novos profissionais do centro cirúrgico e se tornou curso permanente da plataforma de treinamento corporativo, a Academia D’Or.
Público
Corpo clínico das unidades da Rede D’Or.
Impacto
Após um ano do início do piloto, a Rede D’Or alcançou 92% de redução no uso de N₂O em suas unidades — o equivalente a 4.296 toneladas de dióxido de carbono (CO₂e) a menos na atmosfera. A iniciativa também gerou uma economia anual de R$ 2,3 milhões para a empresa.



